quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Pedido de menina ou a uma estrela

Apesar dela ter se mantido discrente por muito tempo, talvez por alguma desilusão, ela nunca deixou de lado seu pedido a sua estrela.
Não sei se por costume, mas desde que deixou de lado as vontades de menina, começou a pedir a sua estrela um amor pra vida inteira. Talvez este, seja um pedido de menina, mas sempre que encontra sua estrela, faz este mesmo pedido.
Muitas vezes com o coração apertado, pois tem medo de tal pedido não ser atendido. Mesmo tendo idade de uma "quase mulher ", muitas vezes sonha como uma menina, totalmente ingênua, como se a malícia ainda não a tivesse encontrado.
Mas ela esconde seus pedido, tem medo de parecer simples demais, ou até mesmo sonhadora demais, pois o que mais se pede hoje em dia, são as riquezas materiais, sem a existência de um amor subjetivo, de simples afeto.
Sempre que encontra uma estrela, parece que ela rouba seu brilho, sua vontade de ter alguém é tão grande, que teus olhos brilham mais que a estrela a cada pedido que faz.
Mesmo seu pedido, sendo um pedido de menina, ela é sempre realista, pois não pede um príncipe num cavalo branco, ela apenas pede alguém que seja especial para ela. Pois ela mesma sabe que, príncipes pertencem a contos e nem ela mesma é uma princesa.
Ela é apenas uma "quase mulher", que pede com um coração de menina, um amor pra vida inteira .

Mais que um livro de romance

E por muito tempo ela esteve mergulhada em livros e romances, sem nem se quer pensar em alguém. Vivia de lembranças, mas não queria, não agora, viver de amor.
Mas agora ela sente um pulsar involuntário, saudade de alguém. Sem perceber, alguma coisa aconteceu, e sem que pudesse resistir ou lutar contra isso, foi pega de assalto, danado do amor, soube como enganá-la sem que ela pudesse reagir.
E em todos os momentos em que fecha os olhos, ela viaja e, até mesmo acordada consegue voar longe. Se não fosse tão real, poderia-se dizer que ela estava sonhando com algum romance de Clarice.
Mas ela está numa vivacidade, sob efeito do amor, como um entorpecente, que a toma por completo, sem pedir permissão, se deleita sobre ela, deixando-a embriagada. Mas tal embriaguês a deixa numa ressaca, não consegue parar de pensar a não ser na saudade. Ahh o amor ...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Quero dançar com você

Meus pés, estão em um ritmo descompassado, mas basta que estes acompanhem os teus que logo o ritmo retorna.
Meus pés, com os teus têm perfeita sincronia, algumas pisadelas ( me encantei tanto com teus passos que me perdi nos meus).
Meus pés, no ritmo dos teus, dançam, balançam, apaixonam-se.
Meus pés, pelos teus aprenderam a dançar, a encantar.
Meus pés, numa longa caminhada, encontraram os teus, que agora mostram a direção aos meus.
Meus pés, têm os teus como vetores.
Meus pés, meus pés os teus seguem, numa batida constante.
Meus pés, com os teus querem dançar, querem estar.
Meus pés, perto dos teus, tremem, erram os passos.
Meus pés, meus pés esperam os teus, para juntos serem levados pelo mesmo embalo.
Meus pés , com os teus, dançam a noite inteira , incessantemente.
Meus pés, pelos teus, aprenderam a dançar !

Amor, um enorme oceano

E de tanto nadar contra a maré, percebeu o quão inútil foi tal tentativa, não adianta fugir do que já é destino, este não falha. Pensou ela que conseguiria segurar o mar por muito tempo, mas por fim decidiu ir a favor das ondas.
Foi jogada à beira do mar, por uma truculenta onda. Sim, por mais que tivesse se rendido tentou voltar ao mar, tanta calmaria a assustava, preferiu se arriscar contra o mar do que ser levada por este junto a maré .
Tinha medo de gostar dessa calmaria, pois não sabia quanto tempo esta poderia durar. Tinha medo de ser surpreendida e se afogar. Preferia afogar-se por si só do que pensar que tal afogamento ocorreu por simples tolice de ter se deixado levar pela maré.
Mas de repente ela mergulha, e seus ouvidos ficam surdos com tanta pressão, ela se encontra no mais profundo oceano, líquida imensidão, que a carrega calmamente, cada vez mais fundo, e sem que pudesse sentir, acima dela enormes ondas se quebram. São seus pensamentos, que antes a perturbavam, mas que agora tornaram-se diminutos quando ela decidiu se entregar de corpo e alma ao mar !

A perda

É tão estranho, como nós, seres tão evoluídos, muitas vezes nos apegamos a coisas exiguas. Por exemplo, eu tenho uma lapiseira e não a largo por nada, é como se a escrita não funcionasse sem ela, como se as letras ficassem feias, um tanto tortas.
Hoje, logo pela manhã pensei tê-la perdido, e admito ter ficado desesperada, me bateu um nervoso, fiquei brava comigo mesma, como fui irresponsável, perdi minha companheira. E logo hoje, que tinha prometido a mim mesma gastar meu tempo escrevendo !
Tive até um pouco de preconceito quando abri meu estojo e só encontrei uma lapiseirinha fuleira, dura de escrever, de traço rígido, impossível de ser comparada a minha companheira.
Comecei a procurar por todo canto, e de repente, quando coloquei meu estojo de lado e puxei minhas folhas, lá estava ela, se escondendo de mim. Ufa ! Por alguns minutos pensei ter perdido uma amiga !

Amor em poucas linhas

Ah, se fossemos parar para pensar em alguém que gostamos, levariamos o dia todo, pois o amor é entorpecente, gosta de nos dominar, parece que faz de propósito. Gosta de tomar o nosso tempo.
Como agora, se me deixo levar por essa maré, ahh eu me afogo !

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Senilidade precoce

Talvez eu sofra de senilidade precoce. Sei que soa estranho, até a mim é estranho, ainda mais por estar na flor da juventude. Mas deixo bem claro que tal senilidade não se remete à fraquezas físicas e sim, a pensamentos um tanto senis para minha idade.
Já ouvi que sou jovem com cabeça de "velho", admito que acho graça, mas ser assim é algo inerente, ninguém escolhe como vai pensar, a não ser que este não tenha opiniões seguras.
Por muitas vezes, quando não tomo meu chá da tarde com a minha avó, me sinto como que quebrando um ritual, não que seja coisa de velho gostar de chá, mas tomar chá da tarde, isso sim é coisa de velho - sem significações pejorativas -que senta na cadeira, olhando para fora, como quem pensa na vida e nas memórias, com uma xícara de chá em mãos e um bolo de fubá recém saido do forno.
Em vários momentos me pego na saudade, procuro álbuns de fotografia, mergulho em lembranças, rio sozinha, sempre com o coração apertado de saudade, talvez querendo que tudo voltasse.
Mas voltando à questão da senilidade, há dias em que não me aguento e pego um dos meus melhores livros - por excelência, Clarice Lispector - e sem nem mesmo pensar, já me encontro no jardim da Vergueiro (CCSP), e é lá, onde eu descanso a alma, enquanto o sol se deita diante dos meus olhos. E em muitos momentos, gosto de observar as pessoas, e penso como tudo muda com o tempo, inclusive eu !
Tais pensamentos, que tenho durante o correr do dia e que me consomem sem qualquer paciência e espera, asseguram-me da minha senilidade. Sinceramente, não me incomodo de ser vista como "velha", pois o amadurecimento faz parte de nosso crescimento, sei que não sou uma mulher feita - conceito este que é totalmente referencial - mas tenho minhas vontades, como tomar chá à tarde, ter um dia de leitura com o tempo me assistindo, sair para ver a "nova juventude", de me olhar no espelho e ver as mudanças do tempo em mim, ler meus textos e perceber que com o passar das primaveras, muitas flores têm florido em meu jardim.
Por mais senis que sejam meus pensamentos, as flores que nascem em meu jardim, serão sempre flores de juventude, juventude amadurecida.