segunda-feira, 27 de setembro de 2010

menina mulher, mulher menina .

De unhas rosas e um rosto de menina. Com as mãos, ainda que com medo, as coloca sobre o peito, e junto ao silêncio ela sente e ouve um descompasso. Tudo tem acontecido tão depressa que ela não teve tempo para sentir a fundo todas as transformações que estavam acontecendo dentro dela.
Ela coloca os braços sobre a mesa, com as mãos fechadas uma sobre a outra, e então apoia seu rosto nestas, e fecha os olhos. Ela sente seu próprio cheiro e pensa que por ele alguém já se apaixonou.
E enquanto se mantém de olhos fechados, é como se tudo se misturasse, como se ela perdesse os sentidos, e sobre ela deitasse o cansaço.
Por mais que saiba que a espera é inútil, começam a cair gotas de saudade de seus olhos, que acabam por molhar o papel. Onde tem tentado verbalizar o que a tem incomodado. Mas sente um aperto involuntário.
E ela realmente sabe que tudo vai passar, ainda é menina, e os acontecimentos ainda estão recentes, mas seu coração é forte. Tem rosto de menina, mas seus olhos carregam verdade de mulher. Pinta as unhas de rosa, mas sua força é vermelha.
Pode não ter doçura de menina, mas sabe como demonstrar seus sentimentos por mais que sejam desconcertados. O medo da entrega as vezes a deixa acanhada, mas não perde uma só oportunidade quando percebe que pode doar-se a quem gosta.
E agora, tudo o que ela quer é colocar novamente as mãos sobre o peito e sentir seu coração em batidas compassadas.

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